«Tenho, naturalmente, saudades de Abril. Mas saudades saudáveis, não nostálgicas ou melancólicas. Saudades que animam a luta pelo futuro». Estas palavras, de Vasco Gonçalves, deram mote ao Congresso, que aconteceu no ISCTE, em Lisboa, e que contou com a presença de cerca de 200 pessoas, muitas delas com papel activo no combate à ditadura e destacada influência no processo revolucionário português, representantes de vários partidos políticos, deputados na Assembleia da República, delegações de diversas organizações.

A intervenção de abertura foi feita por António Avelãs Nunes, presidente da Assembleia Geral da ACR. Seguiram-se três painéis com os temas «O derrubamento da ditadura fascista» (painel 1), «O processo revolucionário» (painel 2) e «A contra-revolução – A resistência. Perspectivas futuras» (painel 3).

As locuções, ou grande parte delas, tiveram um tom emocional, pois evocaram e distinguiram uma personalidade como a que foi Vasco Gonçalves, o único primeiro-ministro a quem os trabalhadores chamaram de «camarada».

Neste quadro foram recordadas várias frentes de luta, nomeadamente a das oito horas de trabalho diário e a que se travou nos quartéis até à revolução de Abril, período mais luminoso da nossa história recente, em que foram alcançadas a maioria das conquistas revolucionárias, assim como o regime democrático consagrado na Constituição da República Portuguesa, que tem vindo a ser destruído pela acção contra-revolucionária nos últimos 38 anos.

Nos painéis foi ainda apontada a necessidade de uma democracia assente nos valores de Abril para o futuro de Portugal, nas vertentes política, económica, social e cultural, que assegure a soberania e a independência nacional.

Resistir

Como concluiu o Comandante Manuel Begonha, presidente da ACR, na intervenção de encerramento, «temos ido buscar às lições do passado próximo, e nos combates contra a ditadura, novas formas de luta, mais elaboradas, mais criativas, mas sempre determinadas para voltar ao caminho da justiça, da solidariedade e de bem-estar para todos os portugueses. Só resistindo seremos dignos do homem que hoje estivemos a homenagear, o General Vasco Gonçalves.»

No Congresso marcaram presença Maria João Gonçalves e Vítor Gonçalves, filhos de Vasco Gonçalves, e outros familiares, António Gervásio, Avelino Gonçalves, Dulce Rebelo, o Comandante Costa Santos, o Coronel Diniz de Almeida, o Almirante Martins Guerreiro, o Coronel Nuno Pinto Soares, o General Pezarat Correia, Corregedor da Fonseca, Sérgio Ribeiro, Abílio Fernandes, Levy Batista, Fernando Tavares Marques, entre sindicalistas, dirigentes associativos, autarcas e tantos outros democratas e patriotas.